Acabo de constatar, voltando de uma festa da universidade, o quanto me sinto vazio, sem os meus amigos por perto. É certo que sempre me senti assim antes (assim como todo mundo, creio), mas não de forma tão intensa. Explico, desde o início.
Sou um cara extremamente tímido, pouco introsado, desinteressante. Não sei como iniciar uma conversa, estabelecer um contato próximo; Fico com vergonha e não tenho jeito para tocar ninguém, no sentido físico mesmo. No caso das garotas, não costumo abraçá-las, beijar-lhes o rosto nem nada do tipo, porque fico imaginando que ela pode ficar sem graça ou achar que estou de alguma forma me aproveitando dela; no caso dos homens, um aperto de mão e, depois de adquirir certa intimidade, um abraço. O fato é que, apesar de desejar quase que desesperadamente o toque humano, não me predisponho a isso, e acabo evitando ao máximo, com receio de me afobar e fazer algo que a pessoa possa entender mal. Coisas que Freud explica.
Não obstante, com os meus amigos, isso não acontece. Com eles eu gosto de puxar assuntos, fazer comentários, por mais idiotas que sejam, brincar, rir junto, conversar profundamente, estar próximo nos momentos de alegria e tristeza, e estar próximo fisicamente também. Não me sinto nem um pouco receoso de abraçá-los, de dizer que gosto deles e que são importantes pra mim. Em suma, com eles eu me sinto mais verdadeiramente humano, e não tão distante e frio, como com os outros.
Alguns deles, numa ocasião em que transformamos uma noite de sábado, sem perspectivas, num dia inesquecível.
Essa minha timidez, no entanto, não é uma espécie de fobia social. Não tenho medo das pessoas, só não consigo tomar a iniciativade puxar uma conversa (exceto em alguns casos, como quando encontro alguem que visivelmente tem interesses em comum comigo, como curtir uma determinada banda ou jogar rpg). Mas, se alguém toma essa iniciativa, então eu converso como se conhecesse meu interlocutor há anos. Faço amizade facilmente, e sei selecionar meus amigos. Gosto de conhecer pessoas novas, mas não tenho muita coragem de iniciar um diálogo (especialmente com o sexo oposto). Então, esse é um grave problema meu, e penso que perco inúmeras oportunidades de conhecer gente bastante interessante simplesmente por não conseguir dizer um “oi” pra quem senta ao meu lado no ônibus ou num banco de praça, ou numa fila de banco ou numa festa. Esse, aliás, é o ponto que iniciou toda essa reflexão: a festa.
Como eu disse, estava com uns colegas da faculdade numa calourada. O lugar parecia legal, tinha 2 ambientes, sendo um deles – o alternativo – regrado de pop rock, punk e um pouco de hard rock. Pensei que curtiria ficar ali, pular e bater cabeça, pra me divertir um pouco e relaxar depois de uma semana de muito estudo. Ledo engano. Assim que entramos, meus colegas se separaram, cada um pro seu lado. Eu fui, sozinho, para o lado do rock, que estava tocando um ac/dc quando cheguei. Os outros preferiram ficar no ambiente principal, que era uma mistura de música eletrônica com outras músicas remixadas e toda aquela coisa de DJ’s. Meu lado até que estava sendo produtivo, no começo, com alguns clássicos rolando, como Motorhead, Ramones e Jimi Hendrix; Mas isso foi apenas no começo. Depois tocaram várias músicas que eu nunca ouvi, alguns punks que eu não curto e pop rock, que não me identifico. Um ambiente voltado para a pegação geral mesmo, coisa de universitários.
Eu, como não sigo essa tendência, acabei ficando sozinho, deslocado, indo de um lado pro outro sem saber exatamente o que fazer, e isso se seguiu por toda a festa. Por causa da timidez, não me entroso com ninguém, fico na minha. No caminho de volta pra casa, eu estava quase deprimido, me sentindo bastante vazio, e sentindo que a festa como um todo não tinha valido a pena (raramente penso dessa forma sobre qualquer coisa), que faltava algo. Um estalo me veio à mente, claro como água: Faltavam os meus amigos. Meus amigos de verdade, que deixei em minha terra quando vim morar em BH, os de longa data com os quais já tive inúmeras boas experiências.
Lembrei-me de várias festas e eventos em que fomos juntos que estavam bem abaixo das nossas expectativas (leia-se: estavam uma merda) e mesmo assim, em todos eles, eu sempre saía feliz, sentindo que tudo valeu a pena, porque eu havia me divertido com os meus amigos. Nunca houve, que eu me lembre, ocasião em que, ao sair com eles, por pior que tenha sido a noite, eu tenha voltado tão insatisfeito para casa. O simples fato de estar com eles já valia a pena. Foi isso me fez falta hoje. Apesar da festa ter sido excelente, em comparação com várias outras que já fui, foi um dos raros casos em que saí bastante triste.
Enfim, não tenho exatamente um ponto de chegada com esse relato, mas apenas escrever alguns pensamentos que me ocorreram e que considero relevantes. Não me importo de parecer clichê, se for verdadeiramente o que penso e sinto, e faço questão de deixar claro:
A todos os meus amigos (e vocês sabem quem são), obrigado por tudo. Amo vocês.
Caras de sorte esses amigos seus cara. Acho que essa tensão é temporaria cara, logo logo você vai acabar encontrando pessoas que assim como nós, vão perceber que o quanto podem acrescentar tendo um amigo como você, e outra vez como nós, vão querer estar sempre com você cara. Por que vc é um cara incrivel e eu num tenho duvidas disso e também por isso me considero um sortudo, por que consegui pular essa parte dificil de inicio de amizade e já pular direto pra uma grande amizade… tudo é questão de tempo e paciencia meu amigo.
Volta logo pra nois faze umas farras pq num é a mesma coisa sem vc não bixo… forte abraço!
Concordo com o Leandro…amigos sortudos esses.
Fiquei até com uma pontinha de inveja…(inveja boa rsrs)
Parabéns você escreve muito bem, parecido com seu grande amigo Victor…
Boa sorte para escrever seu livro.
Bj=*
Ah Pedro!!!!
És mesmo um cara especial, aliás, o cara.
Voce tem todos os “ingredientes” que todo amigo(a) e a mulher procura e o principal: sensibilidade.
O tempo vai ser o seu principal aliado. Se esforçar tb para deixar esta timidez e ponderações demasiadas de lado será bem vinda pra vc.
Sei exatamente como vc está se sentindo, e vc está certo quando diz que os amigos são e serão sempre o nosso porto seguro, e disso nunca voce deverá se esquecer ou abrir mão.
E para finalizar, mesmo eu, que de tímida nada tenho rsrs, já tive meus momentos de completa solidão, justamente por estar longe daqueles que me são caros: meus amigos verdadeiros.
Se joga!!!!Curta estes momentos.
E divirta-se, afinal, nem tudo é complicado como parece.
Saudades!
Ps. Está cada vez mais escrevendo melhor.
Obrigado pelas palavras =]
Voces são fodas xD
Tenho sorte de conhecê-los.
Abraços